Homenagem à cultura popular brasileira

Aquarela do Brasil
Ary Barroso
(versão de João Gilberto)
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
Ô, Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor

Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do serrado
Bota o rei congo no congado
Canta de novo, trovador
À merencória luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado

Esse coqueiro que dá côco
É onde amarro a minha rêde
Nas noites claras de luar
Ô, essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Ô, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro

Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
Brasil, samba que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor

Que o Brasil é um país rico em tudo, de florestas a cidades, de tamanho a detalhes, de sol e luar, ninguém nega. Mas hoje quero falar de algo diferente, da cultura da minha gente, que faz a gente se alegrar. Vamos falar de cultura popular, cultura do povo, da gente simples, daqueles que realmente fazem o Brasil ser Brasil, do povo que cria arte, que constrói, que é valente, que luta, trabalha, se esforça. Do povo humilde, de coração belo, que fez dessa nação o que ela é hoje.

Quero fazer homenagem aos brasileiros, que mesmo não sendo reconhecidos pela mídia, fazem a cultura do país enriquecer, marcam a identidade do nosso povo.

Honrados sejam os nossos Zés, os nossos Zés Gonzagas do sertão, que na seca, na luta, onde estiverem, cantam e mostram uma realidade tanto quanto dura, mas bela. Aqueles que enriquecem nossa nação com vários olhares, que mostram o amor à vida, que mostram as dificuldades, que vencem. Honrados e lembrados sejam nossos repentistas de nosso Brasil.

Honrados sejam nossos rappers, que mesmo não sendo cantores de um estilo musical puramente nacional, mostram a dura realidade daqueles que lutam contra a pobreza e o preconceito das cidades. Que não escondem a realidade, que expõe aquilo que ninguém quer ver. Que conscientizam e criam, movem a cultura popular.

Lembramos e honramos também nossos grafiteiros, que mostram nas ruas o potencial que existe nos lugares que ninguém quer lembrar. Que mostram que as pessoas esquecidas da sociedade são tão humanas quanto as outras. Que existe tesouro nas comunidades, nas periferias, nas favelas. Aqueles que valorizam o sangue brasileiro de suas veias. Aqueles que querem um Brasil melhor e mostram que existem tesouros escondidos nos corações e nas mentes de homens e mulheres de todas as classes econômicas ou sociais.

Quero honrar também nossos amigos artistas plásticos, cantores, produtores, todos aqueles que fizeram o Brasil ser o que ele é. Todos aqueles que através de uma letra, uma melodia, um desenho, teatro, video amador mostraram que o brasileiro não desiste nunca, mostraram que têm fé e que ninguém deve ser menosprezado em nosso país.

Em especial, quero homenagear um grande amigo meu, Clovis Batebola. Artista plástico, músico, cantor, compositor, dominador das artes ocultas da arte gráfica computadorizada e em 3D (rsrsrs). A você, que lutou tanto na vida, que venceu, que cresceu como artista maravilhoso que você é, não importando-se com as dificuldades que todo brasileiro humilde como nós passa. Você representa muito bem nossa sociedade brasileira e os demais artistas populares do Brasil. Parabéns!

Parabéns pra você e para toda a galera do site www.faixadegazah.blogspot.com. Pela valorização da arte popular que vocês tem realizado, pela busca de justiça social e de demonstração da relevância do povo.

Que possamos aprender com nossos artistas nacionais. Aqueles que não aparecem na televisão, mas fazem a identidade cultural de nosso povo.
Abraços!